quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A velhinha

O direito adquirido toma-se como se sempre existisse - a nova base de uma escala que está de novo a zero, independentemente dos direitos açambarcados. Na realidade estamos sempre no zero da escala de direitos, no nosso zero, entenda-se.

Os Povos fundaram-se em direitos que, uma vez tomados como devidos, se tornam base civilizacional, pelo menos até às revoluções, em sentido lato.

Nas empresas, o direito de melhores condições!; mas também os abusos dos trabalhadores, tornados direitos, por lógicas sinuosas.

Na escala de direitos, quem perdeu o emprego, por revolução operada sem intervenção própria, foi obrigado a refazer a escala, tal como quem hoje perdeu regalias. Outros, na contingência, quiçá desonestamente fundada em frugalidade, vão, por sugestão do empregador, ver reduzir-lhe o ordenado ou optar por refundar (mais abaixo ainda) a escala de direitos.

Nesta aceção, forjada como outras, estar sem emprego é tão adquirido direito como andar de carro da empresa; andar pobremente vestido o mesmo que andar de casaco de tweed; não comer tão equivalente a almoçar nos melhores restaurantes com cartão de crédito do empregador.

Patético!? Absolutamente patético!

Por isso, talvez nem percebamos o que nos rodeia, o quão mais pobre hoje está uma faixa da população que se perdeu na escala de direitos.

Contou-me outro dia uma pessoa que não fora a generosidade da mãe que todos os dias lhe pedia para ir entregar um prato de sopa a uma velhinha esta viveria em pobreza.

Açoriano Oriental, 9 de agosto de 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário