quinta-feira, 26 de abril de 2012

As GORDURinhas do Estado

O Estado está gordo, tão gordo que se engordar mais estoura. Não são apenas umas meras gordurinhas, são gorduras mesmo, por todo o lado.

Tal como nos habituamos a ver-nos ao espelho e a não notar as nossas transformações diárias, o Estado não engordou de um dia para o outro, foi engordando… ninguém notou.

Ninguém notou que o Estado é responsável por mais de 50% da economia; que é empregador abundante e farto; que se dá de generosidade sob a forma de parcerias, protocolos ou donativos a um sem número de associações; que se diverte em largas festas, onde não faltam roqueiras; que se deleita em instituições dentro da instituição – são institutos e associações, empresas e comissões, observatórios…

Ninguém consegue fugir ao papão do Estado, que em cada matéria tem algo a dizer, a recomendar, a legislar.

E quanto mais o Estado arremata nas iniciativas que podiam ser deixadas aos privados, ou no comprometimento dos recursos futuros, mais perdemos todos nós.

O Estado não tem de limpar umas gordurinhas, o Estado tem de reduzir-se drasticamente, porque quem dá de comer ao Estado somos nós (particulares e empresas) e não nos apetece continuar a contribuir para a obesidade do Estado.

Mas o Estado mexe com tudo e todos e o estado de envolvimento de todos no Estado é tal que muitos preferem que o Estado use de dieta menos drástica, tal como as gordurinhas do Estado preferem lá continuar, gordurando, gordurando…

E já nem é preciso que se venha dizer que “o rei vai nu” – já todos o sabem. Ação, meus senhores, ação é precisa!

Açoriano Oriental, 26 de abril de 2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Long Live the Queen


Se para os Gregos antigos, Zeus era o pai dos deuses, papel que Júpiter assumiu para os Romanos que lhes seguiram, no mundo atual parece que a monarquia é agora feminina e a rainha “endeusada” é a Economia. 

Posto que os recursos são escassos, o que pode equivaler a dizer que o dinheiro é pouco e deve por isso (ou deveria por isso…) ser bem gerido, parece que todos olham agora para a Economia como a deusa salvadora - a rainha, ora odiada, ora amada.

Onde estava essa Economia que deveria ajudar a alocar os recursos escassos face às necessidades ilimitadas e auxiliar a medição da utilidade de se tomarem opções? O erro, de principiante, foi achar-se que a Economia era cura apenas para os males que haviam de vir, chamada a intervir quando algo está mal, marginalizada quando tudo parece correr bem.

A economia não é um ser (ciência) que vive à parte e não é também só dos economistas, como a filosofia não é dos filósofos, ou o português dos professores de português. 

É certo que o economista tem outra preparação de base, outra responsabilidade, outro saber, mas voltando à génese daquilo que a economia é, cabe a cada um alocar os recursos que tem face às suas necessidades. Cada um de nós tem de perceber o que faz com os seus recursos e o que outros fazem com o que é nosso.

Se a Economia, como parece, é palavra de ordem, talvez não seja mesmo má ideia que se assuma como rainha dos deuses, do mal, decerto, o menos, e sendo preciso “Long Live the Economia”.

Açoriano Oriental, 19 de abril de 2012