quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A máquina do tempo

No pico do verão, do nosso costumeiro calor com humidade que ninguém aguenta, falemos um pouco da ficção que inventamos e tomamos como realidade, dos agentes que têm mais ou menos recursos e do dinheiro que criamos.

A banca e o sistema financeiro são na verdade uma máquina de transporte de recursos no tempo. Parece-lhe estranho? Venha daí. A história não é bem a de Star Trek, mas… “energize!”.


Quem tem recursos a mais coloca-os, sob a forma monetária, nos bancos, efetuando poupança, recebendo juros, e ficando com o direito de resgatar esses valores, relegando para o futuro o consumo que poderia fazer hoje. Quem tem menos recursos obtém, através de empréstimos, junto da banca, valores monetários que converte em consumo atual, ficando com a obrigação de pagar um juro e o próprio valor tomado de empréstimo num qualquer futuro definido.

E, assim, adiamos ou antecipamos consumos, consoante a nossa situação excedentária ou deficitária de recursos, tornando a banca uma autêntica máquina de transportar recursos no tempo.

Uma tão complexa e importante máquina é muito poder neste nosso atual mundo consumista. O euro baralhou-nos as contas, muito se emprestou para tão pouco que se arrecadou, pelo que os senhores da troika também nos vieram dizer para fazer uma revisão à máquina, não vá ela (de novo) exceder-se ou baralhar-se e perder recursos algures no tempo. É que na gestão destes transportes há buracos negros… e não é um qualquer “energize” que nos tira da negrura do buraco em que estamos.

Açoriano Oriental, 16 de agosto de 2012

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