quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Agapantos

Muita nossa a mania de tudo ter de ser muito claro, sem margem para dúvidas, como os agapantos - lilases ou brancos! Por sinal, perdidos num rol bem maior de estilos “agapantescos”.

Ora esta noção dicromática das coisas está fora de moda e não fica bem a pessoa de bem. As coisas não são classificadas diametralmente entre boas ou más. As ideias, as ações, os objetivos e intenções têm normalmente intrínsecos tanto coisas boas, como más (ou menos boas, como parece ser mais académico dizer para não ofender as ditas).

A avassaladora vontade de ver tudo a branco e lilás, e de impor cores a flores ainda em botão, faz-nos como aos cavalos, que trotam em frente e ignoram a visão periférica, estes por imposição, nós por opção. Há ainda os que, por daltonismo resultante de incapacidade ou falta de vontade, lá vão vendo os agapantos com as cores que outros lhes ditam.

A monocromia resulta em elevados custos de oportunidade e, nos tempos que correm, incorrermos em custos por não consideramos o potencial de outras opções não será a melhor postura. Observar, concluir, sugerir, contribuir para o envolvente com opinião fundada faz-nos a todos melhor. À sugestão de uma ideia podem acrescentar-se outras. As soluções não nasceram nunca em momento instantâneo e isso é que é a sociedade civil a participar, se, de uma assentada, não lhe sorrirem apenas à sugestão e se fixarem de novo no agapanto de estimação.

Certo, certo, é que não há canteiro de agapantos que resista a outras flores de permeio.

Açoriano Oriental, 2 de agosto de 2012

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