quinta-feira, 14 de junho de 2012

Desenhos Animados

Disseram-me outro dia que a RTP Açores voltou ao que era depois do 25 de Abril. Questionei, com ironia, se agora também estava a começar a emissão com desenhos animados. Recebi um sorriso. Retorqui com outro.

A “nossa televisão” foi forçada a mudar-se sem que se tenha ainda percebido bem o que afinal daqui resultará.

Mais uma vez, a pedra de toque para a mudança foi económica - o custo exagerado, a que uns responderam que há coisas que não têm preço, que era um ataque ignóbil à autonomia. Ninguém poderá negar é que custo havia e não era pouco.

Somos mais açorianos se o que emitimos pelo nosso canal não é maioritariamente nosso ou, sendo-o, passa por um rol interminável de coroações, bodos de leite, procissões, ou outros eventos de toda e qualquer espécie? Tínhamos a televisão como nossa, íamos lá quando queríamos anunciar toda e qualquer atividade – divulgação cultural ou publicidade paga pelo erário público? A televisão era nossa, mas tornava-nos mais açorianos… ou dispersava-nos do essencial?

A matriz criada pode ter sido imposta, mas não é certo que esta televisão seja pior do que a outra. Talvez o que mais custe é ser esta versão de televisão um diktat da República que, tendemos a esquecer, também é a nossa.

Que se faça uma análise do que se quer e para que servem as coisas que temos e não tomemos nada por garantido, especialmente se não é lícito que implementámos a melhor solução, e, ainda que possamos ter o direito, se não pagamos as contas e quem as paga não tem dinheiro.

Açoriano Oriental, 14 de junho de 2012

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