Na sua incapacidade, na sua simplicidade pacóvia, Portugal contentou-se em estar na cauda da Europa, feliz por, quase sempre, atrás de si, vir a Grécia.
Mas a economia não se comove com tragédias gregas, ou, tão-pouco, portuguesas. Que é do sonho europeu? Irá a Europa recusar guarida a um seu filho, a Grécia? Não foi esta Europa criada para que todos os seus filhos fossem pródigos!?
Há outras condições para dar a mão à Grécia! Altaneira no seu pedestal, a Alemanha tem a responsabilidade moral, que lhe concedeu toda a imoralidade com que conduziu a II Guerra Mundial, de ser fator de coesão da Europa.
A União Europeia irá de facto deixar a Grécia afundar-se e sair do euro? Se tal ocorrer, teremos Portugal no fim derradeiro da cauda da Eurolândia, e a Europa, confrontada com o abandono de um dos seus, perderá a sua legitimidade e moralidade… vexada! Perdida por cem, perdida por mil. Oh! Portugal, Portugal, quem terá pena de ti?
Idos os tempos em que Camões terá escrito: Eis aqui, quase cume da cabeça \ De Europa toda, o Reino Lusitano. Mas idos também os tempos em que se olhava a Grécia com vénia, berço da democracia e base da cultura ocidental.
Afunde-se a Grécia! Afunde-se Portugal! Se a teoria é bater no fundo para renascer como fénix, vamos a isso! A isto nos parece conduzir a Alemanha, que por imposição ou negligência dos seus parceiros, manda nesta Europa. E parece haver já por aí muita gente a aprender alemão – como em outras coisas, primeiro estranha-se, depois… entranha-se.
Açoriano Oriental, 31 de maio de 2012
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