quinta-feira, 24 de maio de 2012

Dezasseis mil, setecentos e dezasseis

O que mais nos aflige num número como 16.716, que reflete os mais conhecidos dados sobre o desemprego na Região, não é só a grandeza do número em si, é antes o facto de que para se chegar a 16.716 ser precisa a individualidade de cada uma das pessoas que constituem esse número, pois só “um”, mais “um”, mais “um”, mais muitos “uns”, dão os tais 16 mil e muitos “uns” desempregados.


Quem é esta gente, que é dada por anónima nos boletins estatísticos, mas que é tanta gente da nossa gente? Dizem-nos que é menos gente - que o desemprego melhorou -, facto é que é ainda muita gente. Gente igual à outra gente, aquela que faz parte dos 103.787 que se dá por “empregada”, e que se cruza nas mesmas ruas.



Se o Estado está condicionado pela troika na criação própria de emprego e é antes forçado a reduzi-lo; se o setor privado tem menos ganhos, porque confrontado com a diminuição do rendimento disponível das famílias pois aumentaram os impostos; se a banca não empresta dinheiro, influenciando a vida de particulares, de empresas e do investimento que geraria empregos… Afinal, que será de toda esta gente?

Não há incentivo ao emprego e ao investimento que resulte em efetivo emprego quando a economia está em tão elevada crise. Pode ser que o verão traga algum oxigénio na sazonalidade que o emprego a ele tem associado, mas amordaçamos demais a nossa capacidade interventiva (porque talvez interviemos demais). E certo é que continuamos a ser muita gente.

Açoriano Oriental, 24 de maio de 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário